Medicina Indígena, Decolonização, Povo Tukano e Bahsesse: uma narrativa
DOI:
https://doi.org/10.55892/jrg.v8i18.1811Palavras-chave:
Medicina Indígena, Saúde dos Povos Indígenas, Cuidado, Covid-19Resumo
Este estudo tem como objetivo investigar a atuação de Pajés e Benzedores, especialistas de cura indígenas, durante o auge da pandemia de Covid-19 em 2020 na cidade de Manaus, onde reside a maior diversidade de povos indígenas do Brasil. A pesquisa é embasada em uma metodologia qualitativa, utilizando entrevista narrativa para sistematizar as experiências desses cuidadores. Os resultados reforçam a importância crítica das medicinas indígenas em um contexto de colapso dos serviços de saúde biomédica. Além disso, o trabalho aborda a formação dos especialistas de cura dos povos indígenas, em especial, do Povo Tukano, destacando as habilidades dos Kumuã em oferecer práticas de cura e cuidados em saúde às comunidades indígenas e não indígenas que se dá por meio de um complexo processo de transmissão de saberes ancestrais, reforçando a relevância epistemológica, material e simbólica das medicinas indígenas frente à colonialidade do saber. O estudo reforça a necessidade urgente de valorização dos conhecimentos produzidos pelos povos indígenas, o reconhecimento das medicinas indígenas enquanto racionalidade médica indígena que promove saúde, enfatizando seu impacto significativo na saúde coletiva durante a pandemia.
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