Saúde da população transgênero no Brasil: uma revisão integrativa
DOI:
https://doi.org/10.55892/jrg.v8i19.2210Palavras-chave:
Pessoas Transgênero, Saúde, Análise de dadosResumo
A população transgênero no Brasil enfrenta múltiplas barreiras no acesso à saúde, marcadas por desigualdades históricas e sociais. A escassez de dados, a formação insuficiente dos profissionais e a ausência de práticas adequadas de cuidado contribuem para desfechos negativos que afetam de forma desproporcional essa população. Este estudo teve como objetivo reunir e analisar os dados disponíveis sobre as condições de saúde da população transgênero no Brasil, por meio de uma revisão integrativa da literatura. A busca foi realizada nas bases SciELO e PubMed, no período de 2019 a 2025, com a utilização dos descritores “Pessoas Transgênero”, “Análise de Dados” e “Saúde”, em português, inglês e espanhol. Dez artigos atenderam aos critérios de inclusão e compuseram o corpus da análise. Os principais resultados indicam altos índices de sofrimento psíquico, transtornos mentais, tentativas de suicídio e automutilação. Destaca-se ainda o uso frequente de hormônios sem prescrição médica, além da elevada prevalência de infecções sexualmente transmissíveis e da baixa cobertura vacinal. Esses dados revelam a urgência de ações que promovam um cuidado mais inclusivo, com políticas públicas efetivas, formação continuada dos profissionais e ampliação do acesso aos serviços. Conclui-se que a promoção da saúde da população transgênero exige compromisso intersetorial e sensibilidade às suas especificidades.
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