Comunicação de más notícias em contexto de morte neonatal: síntese de evidências a partir de uma revisão integrativa

Autores

DOI:

https://doi.org/10.55892/jrg.v8i19.2387

Palavras-chave:

Morte neonatal, Comunicação de más notícias, Humanização da saúde, Luto perinatal, Profissionais de saúde

Resumo

A mortalidade neonatal continua sendo um dos principais desafios globais em saúde, representando quase metade das mortes de crianças menores de cinco anos. Nesse cenário, a comunicação da morte neonatal configura-se como um processo ético, relacional e humanizado, capaz de impactar tanto a elaboração do luto parental quanto o bem-estar da equipe de saúde. Este estudo teve como objetivo analisar, por meio de uma revisão integrativa, as estratégias utilizadas por profissionais de saúde na comunicação do óbito neonatal, destacando práticas humanizadoras, fragilidades recorrentes e repercussões emocionais. A pesquisa foi conduzida em março de 2025 nas bases PubMed, LILACS, SciELO, BDENF e CINAHL, utilizando descritores DeCS/MeSH, e incluiu estudos publicados entre 2015 e 2025 nos idiomas português, inglês e espanhol. Dos 742 artigos inicialmente identificados, seis compuseram a amostra final, realizados no Brasil, Reino Unido, Bélgica e Índia. A análise evidenciou três eixos principais: estratégias humanizadas, como o reconhecimento da parentalidade e a oferta de momentos de despedida; barreiras estruturais e formativas, incluindo falta de preparo formal, ambientes inadequados e ausência de suporte pós-óbito; e impactos emocionais sobre os profissionais, que relataram sofrimento psíquico e sobrecarga, caracterizando a condição de “second victim”. Protocolos estruturados, como o SPIKES, mostraram-se relevantes, mas ainda são aplicados de forma incompleta. Conclui-se que a comunicação da morte neonatal é um ato crítico de cuidado, e sua qualificação exige investimento em treinamento formal, criação de protocolos institucionais e implementação de políticas públicas que assegurem suporte integral e humanizado a famílias e profissionais.

 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

André Sousa Rocha, Universidade de Fortaleza, CE, Brasil

Doutorando em Psicologia pela Universidade de Fortaleza. Bolsista FUNCAP de doutorado.

Antonny Bruno Martins Ferreira, Faculeste - Faculdade do Leste Mineiro, MG, Brasil

Psicólogo graduado pela Faculdade Princesa do Oeste (FPO). Possui pós-graduação em Gestalt-terapia e Psicologia da Saúde pela Faculdade Iguaçu (FI), e em Saúde Mental e Neuropsicologia pela Faculdade do Leste Mineiro (Faculeste).

Referências

ALVES, R. C.; FARIAS, C. C.; SILVA, L. R. Comunicação de más notícias em neonatologia: desafios e perspectivas. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 76, n. 2, e20220234, 2023. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2022-0234. Acesso em: 15 abr. 2025.

AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS. Supporting families after stillbirth and neonatal death. Pediatrics, v. 152, n. 1, e2022059312, 2023. Disponível em: https://doi.org/10.1542/peds.2022-059312. Acesso em: 12 abr. 2025.

AMERICAN COLLEGE OF OBSTETRICIANS AND GYNECOLOGISTS. Perinatal loss. ACOG Committee Opinion No. 786. Obstetrics & Gynecology, v. 134, n. 5, p. e128–e134, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.1097/AOG.0000000000003497. Acesso em: 14 abr. 2025.

AMERICAN PSYCHOLOGICAL ASSOCIATION. Publication manual of the American Psychological Association. 7. ed. Washington, DC: APA, 2020.

BAILE, W. F. et al. SPIKES—A six-step protocol for delivering bad news. The Oncologist, v. 5, n. 4, p. 302–311, 2000. Disponível em: https://doi.org/10.1634/theoncologist.5-4-302. Acesso em: 18 abr. 2025.

BRAUN, V.; CLARKE, V. Using thematic analysis in psychology. Qualitative Research in Psychology, v. 3, n. 2, p. 77–101, 2006. Disponível em: https://doi.org/10.1191/1478088706qp063oa. Acesso em: 16 abr. 2025.

CAMILO, C. A.; GONÇALVES, R. M.; SANTOS, M. E. Impacto emocional da comunicação de óbitos neonatais na equipe de enfermagem. Escola Anna Nery, v. 26, n. 4, e20210329, 2022. Disponível em: https://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2021-0329. Acesso em: 17 abr. 2025.

CRITICAL APPRAISAL SKILLS PROGRAMME. CASP qualitative checklist. 2018. Disponível em: https://casp-uk.net/casp-tools-checklists/. Acesso em: 19 abr. 2025.

DAS, S. et al. Breaking bad news in neonatal intensive care units: Experiences of residents in India. Indian Pediatrics, v. 58, n. 7, p. 639–642, 2021. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s13312-021-2243-2. Acesso em: 13 abr. 2025.

DE ALENCAR AZEVEDO, T. B.; ROCHA, A. S. O luto silenciado: implicações psicológicas das perdas não reconhecidas. Psicologia e Saúde em Debate, v. 11, n. 2, p. 82–92, 2025. Disponível em: https://doi.org/10.22289/2446-922X.V11A2A5. Acesso em: 20 abr. 2025.

JANSENS, R.; POHLKAMP, L.; PERSSON, C. Parents’ experiences of perinatal bereavement care in Sweden: A qualitative study. Women and Birth, v. 37, n. 1, p. 82–90, 2024. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.wombi.2023.04.006. Acesso em: 11 abr. 2025.

KOCHEN, E. M. et al. Care after stillbirth and neonatal death: A systematic review of international guidelines. Acta Obstetricia et Gynecologica Scandinavica, v. 99, n. 6, p. 692–708, 2020.

MENDES, K. D. S.; SILVEIRA, R. C. C. P.; GALVÃO, C. M. Revisão integrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto & Contexto – Enfermagem, v. 17, n. 4, p. 758–764, 2008. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0104-07072008000400018. Acesso em: 21 abr. 2025.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Saúde Brasil 2022: mortalidade infantil e neonatal. Brasília: MS, 2022.

NATIONAL HEALTH SERVICE. National Bereavement Care Pathway (NBCP): Standards for professionals. 2018. Disponível em: https://www.nbcpathway.org.uk/. Acesso em: 22 abr. 2025.

OUZZANI, M. et al. Rayyan—a web and mobile app for systematic reviews. Systematic Reviews, v. 5, n. 1, p. 210, 2016. Disponível em: https://doi.org/10.1186/s13643-016-0384-4. Acesso em: 23 abr. 2025.

PAGE, M. J. et al. The PRISMA 2020 statement: an updated guideline for reporting systematic reviews. BMJ, v. 372, n71, 2021. Disponível em: https://doi.org/10.1136/bmj.n71. Acesso em: 24 abr. 2025.

PEREIRA, L. B.; SILVA, D. A.; RODRIGUES, P. H. Comunicação da morte neonatal: vivências de mães brasileiras. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 52, e03325, 2018. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1980-220X2017022203325. Acesso em: 25 abr. 2025.

PETERS, M. D. J. et al. Chapter 11: Scoping reviews (2020 version). In: AROMATARIS, E.; MUNN, Z. (Ed.). JBI Manual for Evidence Synthesis. JBI, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.46658/JBIMES-20-12. Acesso em: 26 abr. 2025.

REDSHAW, M.; ROWE, R.; HENDERSON, J. Listening to parents after stillbirth or the death of their baby after birth. Health Services and Delivery Research, v. 9, n. 21, 2021. Disponível em: https://doi.org/10.3310/hsdr09210. Acesso em: 27 abr. 2025.

VON ELM, E. et al. The Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology (STROBE) statement: Guidelines for reporting observational studies. PLoS Medicine, v. 4, n. 10, e296, 2007. Disponível em: https://doi.org/10.1371/journal.pmed.0040296. Acesso em: 28 abr. 2025.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Newborn mortality. 2023. Disponível em: https://www.who.int/data/gho/data/themes/topics/topic-details/GHO/child-mortality-and-causes-of-death. Acesso em: 29 abr. 2025.

WU, A. W. Medical error: The second victim. BMJ, v. 320, n. 7237, p. 726–727, 2000.

Downloads

Publicado

2025-08-26

Como Citar

ROCHA, A. S.; FERREIRA, A. B. M. Comunicação de más notícias em contexto de morte neonatal: síntese de evidências a partir de uma revisão integrativa. Revista JRG de Estudos Acadêmicos , Brasil, São Paulo, v. 8, n. 19, p. e082387, 2025. DOI: 10.55892/jrg.v8i19.2387. Disponível em: https://revistajrg.com/index.php/jrg/article/view/2387. Acesso em: 28 ago. 2025.

ARK