Perspectivas dos estudantes sobre a avaliação de atitudes e valores como competências transversais no ensino superior

Resumo

A educação integral no ensino superior, realçada pelo Processo de Bolonha, está associada a uma formação que alcança tanto as competências técnico-científicas quanto as transversais. As competências transversais são um conjunto de conhecimentos, habilidades, valores e atitudes e que têm um caráter transdisciplinar (responsabilidade, compromisso, comunicação oral e escrita, autonomia, trabalho em grupo e habilidade para fazer acordos, entre outros). A presente investigação de natureza qualitativa aborda um estudo exploratório, que se fundamenta nos princípios epistemológicos do paradigma interpretativo, cujo objetivo é perceber como os docentes avaliam atitudes e valores como competências transversais no ensino superior através da perspectiva discente. A recolha de dados realizada através de entrevistas semiestruturadas envolveu uma estudante de licenciatura e outra de mestrado em Ciências da Educação, e duas de licenciatura em Psicologia, pertencentes a uma universidade portuguesa. Os resultados indicam que é possível avaliar responsabilidade, compromisso, comunicação oral e escrita, através da percepção sobre a participação do discente na sala de aula, em diversas situações: assiduidade e pontualidade com a qual o estudante se apresenta em sala; sua motivação para a aprendizagem através de perguntas e interações com os colegas e com o docente; quando o discente envia e-mails para o professor com dúvidas ou sugestões; pela forma como realiza suas apresentações e a qualidade de seus slides. Para avaliar a autonomia, trabalho em grupo e habilidade para trabalhar em ambientes de incertezas, entende-se que o docente pode promover diversas dinâmicas de grupo, tarefas práticas que simulem situações reais de imprevistos em que os estudantes possam mover seus próprios recursos. De modo geral, uma aprendizagem que alcance a formação em atitudes e valores como competências transversais está associada a uma avaliação inclusiva, dialogada e aberta ao feedback mútuo, realizada por um docente habilitado na observação da formação de competências transversais.