Vulvovaginites recorrentes: hábitos, produtos de higiene, comportamentos e fatores relacionados, uma revisão integrativa do período de 2014 a 2023

Autores

DOI:

https://doi.org/10.55892/jrg.v8i19.2523

Palavras-chave:

Vulvovaginite, Recidiva, Produtos de Higiene Feminina, Saúde Reprodutiva, Saúde da Mulher

Resumo

Introdução: Dentre as queixas mais frequentes entre mulheres em idade reprodutiva, o corrimento, o ardor e o prurido vaginal, merecem destaque. Esses sintomas, principalmente associados às vulvovaginites (VV), impactam diretamente a vida de pacientes com quadros de recorrência, de modo a provocar desconforto, gerar gastos, comprometer tarefas, relacionamentos e potencializar sentimentos negativos. Infelizmente, a assistência em saúde, sobretudo quando se fala em cuidado com a genitália feminina, envolve diversos tabus, o que dificulta elucidar os aspectos que podem estar associados à recorrência. Objetivo: Analisar hábitos, produtos de higiene, comportamentos e fatores que podem estar relacionados à ocorrência e recidiva de VV. Metodologia: Revisão integrativa da literatura com artigos entre 2014 e 2023, nas bases de dados SCIELO, PUBMED e BVS. Utilizou-se uma combinação de descritores nos idiomas português, inglês e espanhol. Resultados e discussão: Foram selecionados 13 artigos para compor a presente revisão. Observou-se que a condição socioeconômica, quando interfere na obtenção de conhecimento, e o estilo de vida moderno, com pouco tempo de cuidado, predispõem mulheres a desenvolverem VV. Dentre os hábitos que podem contribuir para esse desequilíbrio, pode-se citar a limpeza excessiva da região; a prática de duchas vaginais; o uso de absorventes não respiráveis, sabonetes íntimos e produtos como desodorantes; as vestimentas justas; os tipos de calcinhas e a depilação íntima. Quanto aos comportamentos sexuais, os parceiros podem atuar como reservatório de Candida e o sexo anal, quando há transporte de material fecal, pode favorecer o risco de infecções. Outros fatores ainda exigem maior investigação. Considerações finais: Muitos dos hábitos prejudiciais citados fazem parte do cotidiano de mulheres com VV. Assim, é fundamental que sejam informadas sobre os riscos de determinadas práticas. Cabe aos profissionais de saúde a promoção de educação para prevenção e controle dessa enfermidade, com uma abordagem personalizada sobre mudanças em práticas de cuidado.

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Biografia do Autor

Beatriz Mota Moreno, Universidade Federal do Maranhão, Brasil

Graduanda em Medicina pela Universidade Federal do Maranhão.

Alice Beatriz Tomaz Tavares, Universidade Federal do Maranhão, Brasil

Graduanda em Medicina pela Universidade Federal do Maranhão.

Andreia Aline Santana Guida Praseres, Centro Universitário da Grande Fortaleza, Ceará, Brasil

Graduanda em Biomedicina pelo Centro Universitário da Grande Fortaleza.

Stefanny Rafaelly Freitas Garcia, Universidade Federal do Maranhão, Brasil

Graduanda em Medicina pela Universidade Federal do Maranhão.

William Neto Praseres, Universidade Federal do Maranhão, Brasil

Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Maranhão.

Sueli de Souza Costa, Universidade Federal do Maranhão, Brasil

Doutora em Ciências Odontológicas, docente da Universidade Federal do Maranhão.

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Publicado

2025-10-24

Como Citar

MORENO, B. M.; TAVARES, A. B. T.; PRASERES, A. A. S. G.; GARCIA, S. R. F.; PRASERES, W. N.; COSTA, S. de S. Vulvovaginites recorrentes: hábitos, produtos de higiene, comportamentos e fatores relacionados, uma revisão integrativa do período de 2014 a 2023. Revista JRG de Estudos Acadêmicos , Brasil, São Paulo, v. 8, n. 19, p. e082523, 2025. DOI: 10.55892/jrg.v8i19.2523. Disponível em: http://revistajrg.com/index.php/jrg/article/view/2523. Acesso em: 27 out. 2025.

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