Impactos psicossociais e tipos de violência obstétrica: revisão narrativa da literatura
DOI:
https://doi.org/10.55892/jrg.v8i19.2799Palavras-chave:
Violência obstétrica, Parto humanizado, Saúde da mulher, PsicologiaResumo
Introdução: A violência obstétrica é uma forma de violação dos direitos humanos e reprodutivos das mulheres que ocorre durante o pré-natal, parto e pós-parto, manifestando-se por meio de práticas desrespeitosas, negligência, procedimentos dolorosos sem consentimento e falta de escuta. Objetivo: Investigar os impactos psicossociais da violência obstétrica e identificar os tipos de violência obstétrica relatados na literatura sobre o atendimento recebido no parto. Metodologia: Trata-se de uma revisão narrativa da literatura A coleta de dados foi realizada a partir da biblioteca Virtual em Saúde (BVS), utilizando-se descritores como: “violência obstétrica”, “parto humanizado”, “saúde da mulher” e “psicologia” combinados com o operador booleano AND. Foram incluídos estudos publicados nos últimos 10 anos, em língua portuguesa, inglesa e espanhola abrangendo artigos científicos disponíveis na integra. Excluiu-se dissertações, revisões, teses, livros e relatórios institucionais e estudos que não abordavam a experiência feminina durante o parto e ainda, os textos que apresentaram informações duplicadas. Resultados e discussão: Os estudos analisados mostram que a violência obstétrica ocorre em múltiplas dimensões produzindo impactos que ultrapassam o momento do parto, afetando a saúde mental, emocional e social das mulheres. Assim, o que deveria representar acolhimento e segurança transforma-se em experiência traumática, marcada por medo, vergonha e sensação de inferioridade. Trata-se de uma forma de violência muitas vezes sutil, mas altamente marcante, capaz de provocar ansiedade intensa, distúrbios do sono e, em casos mais graves, evoluir para estresse pós-traumático. Considerações finais: A violência obstétrica permanece um desafio para o sistema de saúde, demandando não apenas melhorias técnicas, mas mudanças éticas e culturais nas práticas assistenciais. Promover um parto respeitoso e centrado na mulher requer compromisso coletivo, fortalecimento das políticas públicas e formação profissional contínua. Somente com postura crítica, empática e responsável será possível transformar cenários, assegurando direito a um parto digno, seguro, autônomo e livre de violências.
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