O uso do ultrassom na avaliação de massa magra e previsão de desfechos clínicos em pacientes críticos
DOI:
https://doi.org/10.55892/jrg.v7i14.907Palavras-chave:
Atrofia Muscular, Músculo Quadríceps, Ultrassonografia, Unidades de Terapia IntensivaResumo
A perda muscular em pacientes críticos é comum devido a imobilização prolongada, estado inflamatório, gravidade da doença de base, complicações metabólicas e dificuldade na adequada ingestão de nutrientes essenciais. Nesses pacientes, o acompanhamento do estado nutricional é essencial, mas desafiador devido às limitações práticas em ambientes de cuidados intensivos. Nesse contexto a ultrassonografia tem emergido como uma ferramenta promissora à beira leito para avaliação de massa muscular. Esta revisão bibliográfica integrativa tem como objetivo responder à seguinte pergunta: reduções na qualidade e quantidade muscular têm implicação sobre os desfechos clínicos em pacientes críticos? A pesquisa por artigos científicos foi conduzida através de uma busca eletrônica no portal PubMed, com critérios de inclusão que englobaram artigos completos disponíveis eletronicamente, publicados em português, inglês ou espanhol, abordando a qualidade/quantidade muscular (avaliada por ultrassom) e desfechos clínicos em pacientes adultos críticos (idade > 18 anos). Estudos focados no músculo peitoral e diafragma, pesquisas com pacientes não críticos, artigos de revisão e cartas de apresentação foram excluídos da amostra. Quinze estudos, totalizando 992 pacientes, preencheram os critérios de seleção. As reduções observadas durante o período de internação mostraram-se significantes e progressivas, estabelecendo uma correlação consistente com desfechos clínicos e funcionais na maioria dos estudos. O aumento na ecogenicidade e reduções na espessura e área muscular parecem estar relacionados ao aumento da mortalidade, tempo de ventilação mecânica, tempo de internação, disfunções orgânicas e piora da capacidade funcional. Este conjunto de evidências ressalta a importância da avaliação muscular e da ultrassonografia como uma ferramenta valiosa para compreender e antecipar desdobramentos clínicos em pacientes críticos.
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