Frequência e perfil da mielotoxicidade induzida por quimioterápicos em pacientes oncológicos em um hospital público do Distrito Federal

Autores

DOI:

https://doi.org/10.55892/jrg.v7i14.927

Palavras-chave:

Agentes antineoplásicos, Incidência, Mielossupressão, Quimioterapia

Resumo

A mielossupressão induzida por agentes quimioterápicos, definida como a presença de anemia (hemoglobina < 10,0 g/dL), neutropenia (contagem absoluta de neutrófilos < 1,5×109/L) e/ou trombocitopenia (plaquetas < 75×109/L), acarreta inúmeras complicações para pacientes oncológicos. Esta condição está associada ao aumento do risco de infecções, fadiga, sangramento, gerando elevação dos custos em saúde, piora na qualidade de vida e no desempenho do tratamento, que por vezes necessita ter sua dose reduzida ou seu ciclo adiado. O objetivo deste estudo foi investigar a incidência e delinear o perfil da mielotoxicidade induzida por quimioterápicos em pacientes adultos com câncer do Hospital Regional de Taguatinga. Foi realizado um estudo transversal descritivo, os dados foram coletados ao longo do período de janeiro a dezembro de 2022. A população analisada totalizou 267 pacientes, com idade média de 56,6 anos e predominância do gênero feminino (73,4%), sendo mama a localização de câncer mais frequente. A classe farmacológica mais prescrita foi a dos agentes alquilantes, recomendada para 230 pacientes. Os protocolos mais frequentemente prescritos foram doxorrubicina + ciclofosfamida, com 88 pacientes (33%), cisplatina monodroga, com 41 pacientes (15,4%), oxaliplatina + capecitabina, com 40 pacientes (15%), e carboplatina + paclitaxel, com 37 pacientes (13,8%). O protocolo composto por carboplatina + paclitaxel foi associado a maior incidência de anemia. Já o protocolo doxorrubicina + ciclofosfamida demonstrou maior propensão à neutropenia, independentemente do grau. Ademais, aproximadamente metade dos pacientes submetidos ao protocolo oxaliplatina + capecitabina apresentaram trombocitopenia de grau 2. A análise comparativa de cada parâmetro associado à mielotoxicidade foi realizada em cada ciclo de quimioterapia e mostrou diferenças entre os protocolos, variando de toxicidade crescente, pontual ou já evidente no primeiro ciclo, com o grau 2 mais frequentemente observado. Essas alterações se manifestaram após a administração da quimioterapia, enfatizando a necessidade de acompanhamento e monitoramento para possíveis intervenções.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Lorena Silveira da Silva, Escola Superior de Ciências da Saúde

[Lattes]
Farmacêutica pela UnB. Residente do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção ao Câncer da ESCS/DF

Kaic Leite Meira, Escola Superior de Ciências da Saúde

[Lattes]
Farmacêutico pela UFOB. Especialista em Saúde da Família e Comunidade pela ESCS/DF. Residente do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção ao Câncer da ESCS/DF.

Raissa Pereira Santos, Escola Superior de Ciências da Saúde

[Lattes]
Farmacêutica pela UFMA. Especialista em Saúde da Família e Comunidade pela ESCS/DF. Residente do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção ao Câncer da ESCS/DF.

Hugo Carvalho Barros Gonçalves, Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal, DF, Brasil

[Lattes]
Farmacêutico pela UCB. Mestre em Ciências Farmacêuticas pela UnB. Farmacêutico na Secretária de Estado de Saúde do Distrito Federal

Fábio Siqueira, Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal, DF, Brasil

[Lattes]
Farmacêutico pela UFG. Mestre e Doutor na área de Ginecologia, Obstetrícia e Mastologia pela UNESP. Farmacêutico na Secretária de Estado de Saúde do Distrito Federal

Referências

AAPRO, M. et al. Management of anaemia and iron deficiency in patients with cancer: ESMO Clinical Practice Guidelines. Annals of Oncology, v. 29, n. October, p. iv96–iv110, 2018.

AAPRO, M. S. et al. 2010 update of EORTC guidelines for the use of granulocyte-colony stimulating factor to reduce the incidence of chemotherapy-induced febrile neutropenia in adult patients with lymphoproliferative disorders and solid tumours. European Journal of Cancer, v. 47, n. 1, p. 8–32, 2011.

BARRETO, J. N. et al. Antineoplastic agents and the associated myelosuppressive effects: A review. Journal of Pharmacy Practice, v. 27, n. 5, p. 440–446, 2014.

BOHLIUS, J. et al. Management of cancer-associated anemia with erythropoiesis-stimulating agents: ASCO/ASH clinical practice guideline update. Blood Advances, v. 3, n. 8, p. 1197–1210, 2019.

CHAN, A. et al. Reporting of myelotoxicity associated with emerging regimens for the treatment of selected solid tumors. Critical Reviews in Oncology/Hematology, v. 81, n. 2, p. 136–150, fev. 2012.

COREY-LISLE, P. K. et al. Transfusions and patient burden in chemotherapy-induced anaemia in France. Therapeutic Advances in Medical Oncology, v. 6, n. 4, p. 146–153, 2014.

DALE, D. C. et al. Myelotoxicity and dose intensity of chemotherapy: Reporting practices from Randomized Clinical Trials. Journal of the National Comprehensive Cancer Network, v. 1, n. 3, p. 440–454, jul. 2003.

EPSTEIN, R. S. et al. Patient Burden and Real-World Management of Chemotherapy-Induced Myelosuppression: Results from an Online Survey of Patients with Solid Tumors. Advances in Therapy, v. 37, n. 8, p. 3606–3618, 2020.

FERRAROTTO, R. et al. Trilaciclib prior to chemotherapy reduces the usage of supportive care interventions for chemotherapy-induced myelosuppression in patients with small cell lung cancer: Pooled analysis of three randomized phase 2 trials. Cancer Medicine, v. 10, n. 17, p. 5748–5756, 2021.

HAVRILESKY, L. J. et al. A review of relative dose intensity and survival in patients with metastatic solid tumors. Critical Reviews in Oncology/Hematology, v. 93, n. 3, p. 203–210, 2015.

KLASTERSKY, J. et al. Management of febrile neutropaenia: ESMO clinical practice guidelines. Annals of Oncology, v. 27, n. Supplement 5, p. v111–v118, 2016.

KURTIN, RN, MS, AOCN®, ANP-C, S. E. Myeloid toxicity of cancer treatment. Journal of the Advanced Practitioner in Oncology, v. 3, n. 4, 1 ago. 2012.

National Institutes of Health. Common Terminology Criteria for Adverse Events (CTCAE). Versão 5.0. National Cancer Institute. US Department of Health and Human Services, 2017.

National Institutes of Health. Dictionary of Cancer terms. National Cancer Institute. Disponível em: <https://www.cancer.gov/publications/dictionaries/cancer-terms/def/myelosuppression>. Acesso em: 10 nov. 2023.

NGUYEN, S. M. et al. Chemotherapy-induced toxicities and their associations with clinical and non-clinical factors among breast cancer patients in Vietnam. Current Oncology, v. 29, n. 11, p. 8269–8284, 31 out. 2022.

REPETTO, L. Incidence and clinical impact of chemotherapy induced myelotoxicity in cancer patients: An observational retrospective survey. Critical Reviews in Oncology/Hematology, v. 72, n. 2, p. 170–179, 2009.

SAH, S. K. et al. Incidence and attributes of chemotherapy induced myelotoxicity, anemia and neutropenia in adults with cancer in Nepal: A cross-sectional observational study. Journal of Oncology Pharmacy Practice, v. 25, n. 8, p. 1823–1830, 2019.

SUNG, H. et al. Global cancer statistics 2020: Globocan estimates of incidence and mortality worldwide for 36 cancers in 185 countries. CA: A Cancer Journal for Clinicians, v. 71, n. 3, p. 209–249, 2021.

RAMISA TAMANG et al. Pattern of adverse drug reactions associated with the use of anticancer drugs in an oncology-based Hospital of Nepal. JMA Journal, v. 5, n. 4, p. 1–11, 17 out. 2022.

TAS, F. et al. Same chemotherapy regimen leads to different myelotoxicity in different malignancies. American Journal of Therapeutics, v. 23, n. 3, p. 1–10, 23 mai. 2016.

UGAI, T. et al. Is early-onset cancer an emerging global epidemic? Current evidence and future implications. Nature Reviews Clinical Oncology, v. 19, n. 10, p. 656–673, 2022.

ZHOU, S. et al. The predictive model for risk of chemotherapy-induced thrombocytopenia based on antineoplastic drugs for solid tumors in eastern China. Scientific Reports, v. 13, n. 1, 23 fev. 2023.

ZHU, C. et al. Profiling chemotherapy-associated myelotoxicity among Chinese gastric cancer population receiving cytotoxic conventional regimens: Epidemiological features, timing, predictors and clinical impacts. Journal of Cancer, v. 8, n. 13, p. 2614–2625, 2017.

Downloads

Publicado

2024-01-05

Como Citar

SILVA, L. S. da; MEIRA, K. L.; SANTOS, R. P.; GONÇALVES, H. C. B.; SIQUEIRA, F. Frequência e perfil da mielotoxicidade induzida por quimioterápicos em pacientes oncológicos em um hospital público do Distrito Federal. Revista JRG de Estudos Acadêmicos , Brasil, São Paulo, v. 7, n. 14, p. e14927, 2024. DOI: 10.55892/jrg.v7i14.927. Disponível em: http://revistajrg.com/index.php/jrg/article/view/927. Acesso em: 27 abr. 2024.

ARK