Educação Infantil e currículo: o (não)lugar do brincar nos atos curriculares
DOI:
https://doi.org/10.55892/jrg.v7i14.893Palavras-chave:
Educação Infantil, Currículo, BrincarResumo
O presente estudo tem como objetivo trazer à tona reflexões teóricas sobre as aproximações e distanciamentos presentes na relação entre o currículo da Educação Infantil e o (não)lugar do brincar na construção curricular. A reflexão é tensionada por uma dicotomia que atravessa a Educação Infantil onde, de um lado temos a regulação dominante e colonizadora dos adultos, concebida pela racionalização dos números, horários e rotinas universalizantes, e de outro, temos a manifestação imaginativa e inventiva do brincar, a expressividade brincante da criança, a cultura infantil e o tempo-espaço sentido e vivido. Deste modo, tendo como método adotado a pesquisa qualitativa de cunho bibliográfico, o estudo foi edificado nos pressupostos teóricos que tratam sobre o currículo (SANTOMÉ, 1998; SACRISTÁN, 2000 e MOREIRA E SILVA, 2013) em interface com as discussões específicas a respeito do currículo da Educação Infantil (OLIVEIRA, 2010, 2011), bem como, nos campos da Sociologia da Infância (SIROTA, 2001; SARMENTO, 2003, 2004, 2008, 2015; CORSARO, 2011) e da Psicologia Histórico-Cultural (VIGOTSKI, 1991; 2008, 2014), para fundamentar as discussões sobre o sujeito criança e o brincar, respectivamente. Partindo dos aportes da Sociologia da Infância, considerando que as crianças integram realidades específicas, sendo capazes de compreendê-las e modifica-las, acreditamos que a discussão acerca do protagonismo infantil é fundamental para (re)pensarmos o currículo, alargando o nosso olhar a fim de dar conta dos espaços/lugares/tempos destinados às crianças e ao brincar, com vistas a contribuir para a ampliação do debate sobre aspectos essenciais à construção curricular da Educação Infantil.
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