A educação do campo no Brasil sob as lentes dos estudos culturais: um olhar para as pesquisas stricto sensu no século XXI

Resumen

Os agricultores brasileiros até o final da década de 1980 ao terem acesso apenas à educação rural, tornam-se reféns de uma pedagogia que condena suas vivências pelo currículo não os ajudando a compreender o modo como vão sendo produzidos como outros. A Educação do Campo como pensada a partir da 1ª Conferência Nacional por uma Educação Básica do Campo (1998), rompe com essa ideia, propondo uma educação que seja no e do campo, com a participação dos sujeitos aos quais ela se destina. Contudo, não houve no país a superação da educação rural pela Educação do Campo, sendo as duas muitas vezes tratadas de forma similares, sendo, todavia, fundamentais para a escolarização dos filhos dos agricultores. Mas, independentemente da nomenclatura, a educação a que os sujeitos do campo têm tido acesso, tem sido objeto de estudo das pesquisas stricto sensu, a partir do campo teórico dos Estudos Culturais? Este trabalho tem como objetivo identificar e analisar as dissertações e teses (2001-2023) disponíveis na BDTD do IBICT sobre a Educação do Campo que utilizam do campo teórico dos Estudos Culturais para fundamentação e análise. A pesquisa é de cunho bibliográfico e recorrerá aos Estudos Culturais que defende que há uma amálgama entre a política de análise e a política de trabalho intelectual. O estudo mostra que são ínfimos os trabalhos sob essa ótica, contudo, pensar a Educação do Campo sob as lentes dos Estudos Culturais, é conceber as dissertações e teses como artefatos culturais produtores de identidades sociais, marcadas pela diferença.