Perfil clínico-epidemiológico da hanseníase no Sul do Brasil: análise de uma década de notificações

Resumen

A Hanseníase é uma doença crônica causada pelo parasita Mycobacterium leprae e apresenta sintomatologia composta por manchas de pele e alterações sensoriais. Ela possui registro milenar, tratamento gratuito pelo Sistema Único de Saúde, mas ainda continua sendo um problema de saúde pública no Brasil – país que possui disparidades na distribuição geográfica dessa doença. O objetivo dessa pesquisa foi descrever o perfil sociodemográfico e clínico dos casos notificados na Região Sul do Brasil. Trata-se de um estudo ecológico, transversal, observacional, retrospectivo e descritivo que analisou dados do SINAN/DATASUS referentes aos casos notificados na Região Sul do Brasil entre 2013 e 2023. Foram registrados 11.789 casos no período, com predominância no sexo masculino (60,24%), em indivíduos brancos (69,29%), faixa etária de 50 a 79 anos (54,45%) e baixa escolaridade, especialmente ensino fundamental incompleto. Quanto ao perfil clínico, destacaram-se novos casos (78,32%), forma clínica dimorfa (39,56%), presença de >5 lesões cutâneas (52,24%) e baciloscopia positiva (35,19%). A maioria evoluiu para cura (75,09%), enquanto 2,76% foram a óbito. As limitações incluem subnotificações, sobretudo em 2020, e elevado percentual de dados incompletos. Conclui-se que a hanseníase se mantém como desafio expressivo na Região Sul, reforçando a necessidade de vigilância epidemiológica qualificada, estratégias de prevenção, diagnóstico precoce e integração de ações assistenciais e sociais para controle efetivo e redução do estigma.