Educação Integral: para além da ampliação da jornada escolar

Resumen

A escola de tempo integral no Brasil constitui-se como uma proposta educacional marcada por avanços, descontinuidades e reinvenções ao longo de diferentes contextos históricos e políticos. Experiências como os Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs) e os Centros de Atenção Integral à Criança (CAICs) evidenciam que a integralidade foi concebida como resposta às desigualdades sociais e educacionais. Contudo, sua consolidação permanece tensionada por entraves estruturais, descontinuidade de políticas públicas e desafios relacionados à efetividade das práticas pedagógicas. Este artigo analisa a literatura recente sobre o tema e destaca que a educação integral deve ser compreendida para além da simples ampliação da carga horária, configurando-se como reorganização dos tempos e espaços escolares. Nessa perspectiva, a integralidade possibilita práticas interdisciplinares que articulam cultura, arte, esporte, ciência e cidadania, promovendo aprendizagens significativas e ampliando as condições de equidade no acesso ao conhecimento. A análise evidencia, ainda, que a efetivação desse modelo demanda políticas consistentes, formação docente adequada e maior articulação entre escola, comunidade e Estado. Ao problematizar as potencialidades e limites da escola de tempo integral, o estudo contribui para o debate contemporâneo sobre o papel da educação pública na construção de uma sociedade mais justa, democrática e inclusiva.