Cooperação jurídica internacional no combate à corrupção e lavagem de dinheiro

Autores

DOI:

https://doi.org/10.55892/jrg.v8i19.2457

Palavras-chave:

Cooperação jurídica internacional, Corrupção, Lavagem de dinheiro, Recuperação de ativos, Beneficiário final

Resumo

A corrupção e a lavagem de dinheiro configuram fenômenos de natureza transnacional, que desafiam a soberania estatal e exigem respostas coordenadas em nível global. A cooperação jurídica internacional surge, nesse contexto, como instrumento central para investigação, persecução penal e recuperação de ativos ilícitos. Este estudo teve como objetivo analisar os principais marcos normativos, mecanismos e desafios da cooperação internacional no enfrentamento desses crimes, com ênfase no período de 2015 a 2025. Trata-se de revisão narrativa de literatura, complementada por elementos integrativos, realizada em bases indexadas (Scopus, Web of Science, PubMed, SciELO) e em portais institucionais (UNODC, FATF/GAFI, OCDE, OEA/MESICIC e Egmont Group). Foram incluídos documentos normativos, legislações nacionais e artigos revisados por pares, categorizados em seis eixos temáticos: marcos normativos internacionais, instrumentos de cooperação, transparência do beneficiário final, inteligência financeira, monitoramento por pares e o estudo de caso brasileiro. Os resultados demonstram que, apesar da existência de convenções multilaterais como a UNCAC e a UNTOC, e de padrões internacionais estabelecidos pelo FATF e pela OCDE, ainda persistem lacunas significativas, como a morosidade nos pedidos de assistência mútua, a ausência de registros confiáveis de beneficiários finais e a assimetria institucional entre países. No Brasil, avanços como a criação do COAF, a Lei 12.846/2013 e a atuação do DRCI evidenciam maior alinhamento com compromissos internacionais, embora desafios estruturais permaneçam. Conclui-se que a efetividade da cooperação depende da harmonização regulatória, da transparência societária e do fortalecimento das instituições nacionais, de modo a traduzir compromissos normativos em resultados concretos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

BRASIL. Lei n.º 9.613, de 3 de março de 1998. Dispõe sobre os crimes de “lavagem” ou ocultação de bens, direitos e valores e cria o Conselho de Controle de Atividades Financeiras – COAF. Brasília, DF: Presidência da República, 1998. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9613.htm. Acesso em: 12 set. 2025.

BRASIL. Lei n.º 12.846, de 1º de agosto de 2013. Dispõe sobre a responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira. Brasília, DF: Presidência da República, 2013. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12846.htm. Acesso em: 12 set. 2025.

BRASIL. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional – DRCI. Recuperação de ativos e cooperação internacional. Brasília, DF: MJSP, 2019. Disponível em: https://www.gov.br/mj/pt-br/acesso-a-informacao/perguntas-frequentes/ativos_cooperacao/recuperacao-de-ativos-e-cooperacao-internacional. Acesso em: 12 set. 2025.

BRASIL; ESTADOS UNIDOS. Decreto n.º 3.810, de 2 de maio de 2001. Promulga o Acordo de Assistência Judiciária em Matéria Penal entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo dos Estados Unidos da América. Brasília, DF: Presidência da República, 2001. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2001/d3810.htm. Acesso em: 12 set. 2025.

EGMONT GROUP. About / Financial Intelligence Units. Ottawa: Egmont Group, 2025. Disponível em: https://egmontgroup.org/about/financial-intelligence-units/. Acesso em: 12 set. 2025.

FATF. The FATF Recommendations. Paris: Financial Action Task Force, 2024. Disponível em: https://www.fatf-gafi.org/en/publications/Fatfrecommendations/Fatf-recommendations.html. Acesso em: 12 set. 2025.

FATF. Guidance on Beneficial Ownership of Legal Persons (Recommendation 24). Paris: Financial Action Task Force, 2023. Disponível em: https://www.fatf-gafi.org/en/publications/Fatfrecommendations/Guidance-Beneficial-Ownership-Legal-Persons.html. Acesso em: 12 set. 2025.

FATF. Guidance on Beneficial Ownership and Transparency of Legal Arrangements (Recommendation 25). Paris: Financial Action Task Force, 2024. Disponível em: https://www.fatf-gafi.org/en/publications/Fatfrecommendations/Guidance-Beneficial-Ownership-Transparency-Legal-Arrangements.html. Acesso em: 12 set. 2025.

HIGGINS, J. P. T.; GREEN, S. (org.). Cochrane Handbook for Systematic Reviews of Interventions. 2. ed. Chichester: Wiley-Blackwell, 2019.

HOPIA, H.; LATVALA, E.; LIIMATAINEN, L. Reviewing the methodology of an integrative review. Scandinavian Journal of Caring Sciences, v. 30, n. 4, p. 662–669, 2016. DOI: https://doi.org/10.1111/scs.12327.

MARTINS, A. C. P.; THEODORO, H. D.; MOURA, L. A. Revisões de literatura: fundamentos e aplicabilidade na pesquisa jurídica. Revista Direito GV, v. 17, n. 3, e2142, 2021. DOI: https://doi.org/10.1590/2317-6172202142.

NAÇÕES UNIDAS. Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção (UNCAC). Viena: UNODC, 2003. Disponível em: https://www.unodc.org/unodc/en/corruption/uncac.html. Acesso em: 12 set. 2025.

NAÇÕES UNIDAS. Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional (UNTOC). Viena: UNODC, 2000. Disponível em: https://www.unodc.org/unodc/en/organized-crime/intro/UNTOC.html. Acesso em: 12 set. 2025.

NAÇÕES UNIDAS. Manual on Mutual Legal Assistance and Extradition. Viena: UNODC, 2012. Disponível em: https://www.unodc.org/documents/organized-crime/Publications/Mutual_Legal_Assistance_Ebook_E.pdf. Acesso em: 12 set. 2025.

NAÇÕES UNIDAS. Asset Recovery and International Cooperation: Good Practices Guide. Viena: UNODC, 2021. Disponível em: https://www.unodc.org/unodc/en/corruption/asset-recovery.html. Acesso em: 12 set. 2025.

OCDE. Convention on Combating Bribery of Foreign Public Officials in International Business Transactions. Paris: OECD, 1997. Disponível em: https://www.oecd.org/corruption/oecdantibriberyconvention.htm. Acesso em: 12 set. 2025.

OCDE. Convention on Combating Bribery of Foreign Public Officials in International Business Transactions – Booklet 2024. Paris: OECD, 2024. Disponível em: https://www.oecd.org/daf/anti-bribery/Convention%20and%20commentaries%20booklet%202024.pdf. Acesso em: 12 set. 2025.

OCDE. Fighting Foreign Bribery. Paris: OECD, 2023. Disponível em: https://www.oecd.org/en/topics/sub-issues/fighting-foreign-bribery.html. Acesso em: 12 set. 2025.

OEA. MESICIC – Mecanismo de Seguimiento de la Implementación de la Convención Interamericana contra la Corrupción. Washington, DC: Organização dos Estados Americanos, 2024. Disponível em: https://www.oas.org/es/sla/dlc/mesicic/. Acesso em: 12 set. 2025.

ROTHER, E. T. Revisão sistemática X revisão narrativa. Acta Paulista de Enfermagem, v. 20, n. 2, p. v–vi, 2007. DOI: https://doi.org/10.1590/S0103-21002007000200001.

ZOROMÉ, A. Beneficial Ownership and International Cooperation: Lessons for Transparency. Washington, DC: International Monetary Fund, 2021.

Downloads

Publicado

2025-09-21

Como Citar

GIANNOTTE, M. V. Cooperação jurídica internacional no combate à corrupção e lavagem de dinheiro. Revista JRG de Estudos Acadêmicos , Brasil, São Paulo, v. 8, n. 19, p. e082457, 2025. DOI: 10.55892/jrg.v8i19.2457. Disponível em: https://revistajrg.com/index.php/jrg/article/view/2457. Acesso em: 27 set. 2025.

ARK