Padrões temporais e fatores associados ao câncer de glândula salivar no Nordeste brasileiro (2014-2023)
DOI:
https://doi.org/10.55892/jrg.v8i18.1694Palavras-chave:
Neoplasia de Cabeça e Pescoço, Incidência, Sistema Único de SaúdeResumo
O Câncer de Glândula Salivar (CGS) é responsável por 2 a 6,5% de todas as neoplasias de cabeça e pescoço. Os fatores predisponentes para o desenvolvimento incluem exposição a substâncias químicas, radiação, fatores genéticos, etiologia viral, tabagismo e consumo de álcool. A complexidade e diversidade biológica e morfológica do CGS contribuem para falhas no diagnóstico, classificação e tratamento. O objetivo deste estudo é avaliar a série temporal e os fatores associados ao CGS na região Nordeste do Brasil no período de 2014 a 2023, considerando faixas etárias e gênero. Trata-se de um estudo ecológico de série temporal quantitativo, exploratório e analítico, conduzido com dados coletados de 2014 a 2023 sobre o CGS no Nordeste brasileiro. Os dados foram extraídos do painel oncológico do TabNet, do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). As variáveis selecionadas foram sexo e faixa etária. Para o cálculo das tendências temporais, foi adotado o modelo de regressão Joinpoint. A Regressão de Poisson foi utilizada para verificar os fatores associados ao gênero e às faixas etárias, avaliando a influência dessas variáveis em relação ao CGS. A análise dos dados revelou um aumento significativo na prevalência de CGS entre 2014 e 2019 (VPA=31.14; p=0.02), seguido de estabilização a partir de 2020 (p=0.88). Não foi identificada uma influência significativa do gênero no avanço do CGS (p=0.90). A análise por faixa etária revelou um aumento significativo (p < 0.001) no diagnóstico de CGS em indivíduos de 20 a 39 anos (RP= 2.954; IC 95%=1.90 - 4.77), 40 a 59 anos (RP= 5.470; IC 95%= 3.646 - 8.62) e 60 anos ou mais (RP= 6.410; IC 95%= 4.296 - 10.06), em relação à faixa etária de referência (0 a 19 anos). Foi observado um aumento significativo na incidência de CGS de 2014 a 2019, seguido por um período estacionário de 2020 a 2023. A faixa etária impactou significativamente a prevalência do CGS, com maior incidência em indivíduos de 60 anos ou mais. O sexo não apresentou influência significativa nos resultados obtidos.
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