Reinserção social de pessoas com esquizofrenia na cidade de Palmas-To: limites locais e lições de modelos internacionais
DOI:
https://doi.org/10.55892/jrg.v8i19.2753Palavras-chave:
Reinserção Social, Esquizofrenia, Saúde Mental, Políticas Públicas, Reabilitação Psicossocial, Palmas-TOResumo
Este artigo analisa as políticas e práticas de reintegração social para indivíduos com esquizofrenia em Palmas-TO, contrastando o modelo local com referências nacionais e internacionais de atendimento psicossocial. A pesquisa adota uma abordagem qualitativa, de caráter descritivo e analítico, fundamentada em revisão narrativa de literatura e em pesquisa documental junto à Secretaria Municipal de Saúde, com base na Lei de Acesso à Informação. O estudo identifica um hiato central: embora a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) de Palmas desempenhe um papel no cuidado em liberdade através de seus Centros de Atenção Psicossocial , a análise documental confirmou a não implementação de dispositivos nacionais essenciais para a reabilitação, como os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRTs) e o Programa De Volta para Casa. Essa lacuna estrutural, somada à carência de profissionais e à frágil integração intersetorial, diverge das experiências internacionais (Housing First, IPS), que apontam a integração entre saúde, moradia e trabalho como fundamental para o sucesso da inclusão. Conclui-se que a reintegração social em Palmas-TO é, além de um desafio técnico-assistencial, uma questão ética e política, exigindo investimentos concretos para que o cuidado em liberdade se torne uma prática emancipatória e de cidadania.
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