Características perceptivoauditivas e acústicas da voz de surdos usuários de implante coclear
DOI:
https://doi.org/10.55892/jrg.v8i19.1864Palabras clave:
Qualidade da Voz, Acústica da Fala, Voz, Perda Auditiva, Implante CoclearResumen
INTRODUÇÃO: A avaliação perceptivoauditiva (APA) da voz é realizada no contexto clínico e de pesquisa e é considerada padrão ouro na avaliação da voz, enquanto a análise acústica extrai medidas que quantificam a perturbação de curto prazo e o ruído, com a determinação clara dos ciclos glóticos. OBJETIVO: Explorar as características perceptivoauditivas e acústicas da voz de surdos adultos usuários de implante coclear (IC) em três tarefas de fala diferentes: emissão sustentada, fala encadeada e conversa espontânea. MÉTODO: Foi utilizado o banco de vozes de surdos adultos que compôs outro estudo da área. Os participantes foram divididos em 2 grupos: ouvintes ou controle (GC) e usuários de IC ou experimental (GE), pareados em faixa etária e sexo. Foi utilizado o Protocolo de Avaliação da Voz do Deficiente Auditivo (PAV-DA) para a APA, realizada por três profissionais especialistas e com experiência na análise de voz nos contextos clínico e de pesquisa, e o PRAAT, para a análise acústica e filtragem cepstral foram determinados os seguintes parâmetros: frequência fundamental (F0, em Hz), jitter ppq5 (em %), shimmer apq5 (em %), proporção harmônico-ruído (PHR, em dB), intensidade (em dB), os formantes F1, F2, F3 e F4 (em Hz), anti-formantes e formantes nasais. RESULTADOS: A APA difere a depender da tarefa fonatória analisada e do sexo. Não há diferenças entre o GC e o GE feminino na vogal sustentada. Os homens apresentam vozes mais tensas, hiponasais, com pitch e loudness mais elevados. Na fala encadeada, o grau geral de alteração vocal é percebido em ambos os sexos, com presença de tensão vocal. Foram encontradas mais características com diferença significante entre as mulheres (ressonâncias laríngea, faríngea, hiponasal, hipernasal e anterior; instabilidade) que entre os homens (ressonâncias faríngea, hipernasal e posterior). Na conversa espontânea, o grau geral de alteração vocal é percebido em ambos os sexos, com presença de tensão vocal e instabilidade. São diferentes as características com diferença significante entre as mulheres (ressonânciasfaríngea, hipernasal e posterior; rugosidade e loudness) e, entre os homens (coordenação pneumofonoarticulatória, ressonâncias laríngea, hiponasal, hipernasal e posterior e soprosidade). A frequência fundamental é mais aguda entre ambos os grupos (127,0Hz, p=0,035 entre os homens / 213,6Hz, p = 0,011 entre as mulheres), os demais parâmetros avaliados (jitter, shimmer, proporção harmônico-ruído, intensidade e formantes – F1, F2, F3 e F4) não mostraram diferenças entre os GC e GE, independente do sexo. Não foi observada a presença de antiformantes e/ou aumento das larguras de banda, sugestivos de nasalidade, na filtragem cepstral. CONCLUSÃO: A APA e a análise acústica apresentam caráter complementar na avaliação da voz dos surdos adultos usuários de IC, pois a ação conjunta dos articuladores favorece a identificação perceptiva de nasalidade percebida em suas vozes.
Palavras-chave: Qualidade da Voz; Acústica da Fala; Voz; Perda Auditiva; Implante Coclear.
Descargas
Citas
Eadie TL, Doyle PC. Classification of Dysphonic Voice: Acoustic and Auditory-Perceptual Measures. J Voice [Internet]. 2005 Mar;19(1):1–14. Available from: https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0892199704000256
Coelho AC, Brasolotto AG, Bahmad F. Development and validation of the protocol for the evaluation of voice in patients with hearing impairment (PEV-SHI). Braz J Otorhinolaryngol [Internet]. 2020 Jul;86(6):748–62. Available from: https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S1808869419300618
Lopes LW, Alves GÂ dos S, Melo ML de. Content evidence of a spectrographic analysis protocol. Rev CEFAC [Internet]. 2017 Aug;19(4):510–28. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462017000400510&lng=en&tlng=en
Dejonckere PH, Bradley P, Clemente P, Cornut G, Crevier-Buchman L, Friedrich G, et al. A basic protocol for functional assessment of voice pathology, especially for investigating the efficacy of (phonosurgical) treatments and evaluating new assessment techniques. Eur Arch Oto-Rhino-Laryngology [Internet]. 2001 Feb 28;258(2):77–82. Available from: http://link.springer.com/10.1007/s004050000299
Awan SN, Awan JA. A Two-Stage Cepstral Analysis Procedure for the Classification of Rough Voices. J Voice [Internet]. 2020 Jan;34(1):9–19. Available from: https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0892199718300699
Hassan EM, Abdel Hady AF, Shohdi SS, Eldessouky HM, Din MHB. Assessment of dysphonia: cepstral analysis versus conventional acoustic analysis. Logop Phoniatr Vocology [Internet]. 2021 Jul 3;46(3):99–109. Available from: https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/14015439.2020.1767202
Balasubramanium RK, Shastry A, Singh M, Bhat JS. Cepstral Characteristics of Voice in Indian Female Classical Carnatic Singers. J Voice [Internet]. 2015 Nov;29(6):693–5. Available from: https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S089219971500003X
Ferrer Riesgo CA, Nöth E. What Makes the Cepstral Peak Prominence Different to Other Acoustic Correlates of Vocal Quality? J Voice [Internet]. 2020 Sep;34(5):806.e1-806.e6. Available from: https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0892199718304193
Coelho AC, Brasolotto AG, Fernandes ACN, de Souza Medved DM, da Silva EM, Júnior FB. Auditory-Perceptual Evaluation of Voice Quality of Cochlear-implanted and Normal-hearing Individuals: A Reliability Study. J Voice. 2017;31(6).
Munhall KG, MacDonald EN, Byrne SK, Johnsrude I. Talkers alter vowel production in response to real-time formant perturbation even when instructed not to compensate. J Acoust Soc Am [Internet]. 2009 Jan;125(1):384–90. Available from: http://asa.scitation.org/doi/10.1121/1.3035829
Spazzapan EA, Cardoso VM, Fabron EMG, Berti LC, Brasolotto AG, Marino VC de C. Acoustic characteristics of healthy voices of adults: from young to middle age. CoDAS [Internet]. 2018 Oct 22;30(5). Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2317-17822018000500307&lng=pt&tlng=pt
Moon KR, Chung SM, Park HS, Kim HS. Materials of Acoustic Analysis: Sustained Vowel Versus Sentence. J Voice [Internet]. 2012 Sep;26(5):563–5. Available from: https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0892199711001639
Hassan SM, Malki KH, Mesallam TA, Farahat M, Bukhari M, Murry T. The Effect of Cochlear Implantation on Nasalance of Speech in Postlingually Hearing-Impaired Adults. J Voice [Internet]. 2012 Sep;26(5):669.e17-669.e22. Available from: https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0892199711001202
Lazard DS, Lee H, Truy E, Giraud A. Bilateral reorganization of posterior temporal cortices in post‐lingual deafness and its relation to cochlear implant outcome. Hum Brain Mapp [Internet]. 2013 May 30;34(5):1208–19. Available from: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/hbm.21504
Baudonck N, Van Lierde K, D’haeseleer E, Dhooge I. Nasalance and nasality in children with cochlear implants and children with hearing aids. Int J Pediatr Otorhinolaryngol [Internet]. 2015 Apr;79(4):541–5. Available from: https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0165587615000415
Giusti MC, Padovani MMP, Behlau M, Granato L. The Voice of Hearing Impaired Children. BJORL [Internet]. 2001;67(1):29–35. Available from: http://oldfiles.bjorl.org/conteudo/acervo/acervo_english.asp?id=2722
Barbosa PA. Manual de fonética acústica experimental: Aplicações a Dados do Português. 1st ed. Rio de Janeiro: Cortez; 2015. 591 p.
Viegas F, Viegas D, Guimarães GS, Souza MMG de, Luiz RR, Simões-Zenari M, et al. Comparison of fundamental frequency and formants frequency measurements in two speech tasks. Rev CEFAC [Internet]. 2019;21(6). Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462019000600504&tlng=en
Behlau M, Thomé R, Azevedo R, Rehder M, Thomé D. Disfonias congênitas. In: Thieme Revinter, editor. Voz: O Livro do Especialista II. Rio de Janeiro; 2005. p. 1–50.
Borges R. Avaliação de voz em deficientes auditivos: uma análise crítica. In: Dissertando sobre voz. Carapicuíba/SP: Pr´_Fono; 1998. p. 150–71.
Maxfield L, Palaparthi A, Titze I. New Evidence That Nonlinear Source-Filter Coupling Affects Harmonic Intensity and fo Stability During Instances of Harmonics Crossing Formants. J Voice [Internet]. 2017 Mar;31(2):149–56. Available from: https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0892199716300017
Stevens KN. Acoustic Phonetics. Mit Press; 2000. 624 p.
Kent RD, Read C. The acoustic analysis of speech. San Diego, Calif.: Singular Pub. Group. 1992;238.
Kent RD, Vorperian HK. Static measurements of vowel formant frequencies and bandwidths: A review. J Commun Disord [Internet]. 2018 Jul;74:74–97. Available from: https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0021992417302575
Diehl RL. Acoustic and auditory phonetics: the adaptive design of speech sound systems. Philos Trans R Soc B Biol Sci [Internet]. 2008 Mar 12;363(1493):965–78. Available from: https://royalsocietypublishing.org/doi/10.1098/rstb.2007.2153
Kent RD. The speech sciences. Singular; 1997.
VIOLA IC. Expressividade, estilo e gesto vocal. Lorena Inst St Teresa. 2008;
Rehder MI, Cazumbá LF, Cazumbá M. Identificação de Falantes: Uma introdução à Fonoaudiologia Forense. Rio de Janeiro: Revinter; 2015.
Watts CR. The Effect of CAPE-V Sentences on Cepstral/Spectral Acoustic Measures in Dysphonic Speakers. Folia Phoniatr Logop [Internet]. 2015;67(1):15–20. Available from: https://www.karger.com/Article/FullText/371656
Browman CP, Goldstein L. Articulatory phonology: An overview. Phonetica. 1992;49(3–4):155–80.






































