A filosofia da diferença e as dissidências corporais: linguagem, educação e existência surda/surdocega
DOI:
https://doi.org/10.55892/jrg.v8i19.2614Palavras-chave:
Filosofia da Diferença, Surdez, Surdocegueira, Libras, Dissidência.Resumo
O artigo discute as contribuições da Filosofia da Diferença, especialmente em Deleuze e Guattari, para repensar as noções de linguagem, corpo e educação no contexto das pessoas surdas e surdocegas. Sustentado na perspectiva pós-estruturalista e nos Estudos Surdos, o estudo articula conceitos da ontologia da diferença, das genealogias foucaultianas e das epistemologias decoloniais para questionar os regimes de normalização que sustentam o capacitismo e o ouvintismo estrutural. A pesquisa compreende a diferença não como falta, mas como força criadora e potência de existência. A partir dessa abordagem teórica, a surdez e a surdocegueira são interpretadas como modos singulares de experiência e de produção de sentido, e não como deficiências a serem corrigidas. Metodologicamente, o trabalho adota uma abordagem qualitativa, interpretativa e crítica, fundamentada na análise discursiva e filosófica de textos teóricos, políticas educacionais e narrativas culturais sobre deficiência, linguagem e educação. O percurso metodológico envolve a leitura e interpretação dos discursos que constroem a diferença como desvio e daqueles que a afirmam como invenção, destacando o papel da linguagem — em especial da Libras e da Libras Tátil — como espaço de resistência e de criação de novos modos de existir. Conclui-se que a Filosofia da Diferença oferece uma via potente para uma educação que reconhece a multiplicidade dos corpos e das linguagens como princípio ético, político e epistêmico.
Downloads
Referências
CANGUILHEM, Georges. O normal e o patológico. Tradução de Maria Thereza Redig de Carvalho Barrocas. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2002.
DELEUZE, Gilles. Diferença e repetição. Tradução de Luiz Orlandi e Roberto Machado. Rio de Janeiro: Graal, 1988.
DELEUZE, Gilles. O que é a filosofia? Em parceria com Félix Guattari. Tradução de Bento Prado Jr. e Alberto Alonso Muñoz. São Paulo: Editora 34, 1992.
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. Tradução de Ana Lúcia de Oliveira, Aurélio Guerra Neto e Celia Pinto Costa. Rio de Janeiro: Editora 34, 1995-1997. 5 v.
FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. Tradução de Laura Fraga de Almeida Sampaio. 24. ed. São Paulo: Loyola, 1996 [1971].
FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Organização e tradução de Roberto Machado. 20. ed. Rio de Janeiro: Graal, 2004.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Tradução de Raquel Ramalhete. 41. ed. Petrópolis: Vozes, 2014.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 50. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2019.
LARROSA, Jorge. Pedagogia profana: danças, piruetas e mascaradas. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.
MERLEAU-PONTY, Maurice. Fenomenologia da percepção. Tradução de Carlos Alberto Ribeiro de Moura. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
PERLIN, Gladis. Identidades surdas. In: SKLIAR, Carlos (Org.). A surdez: um olhar sobre as diferenças. Porto Alegre: Mediação, 1998. p. 51-73.
SANTOS, Boaventura de Sousa. A gramática do tempo: para uma nova cultura política. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2010.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Epistemologies of the South: justice against epistemicide. Boulder: Paradigm Publishers, 2014.
SKLIAR, Carlos. A surdez: um olhar sobre as diferenças. Porto Alegre: Mediação, 1998.
SKLIAR, Carlos. Pedagogia (improvável) da diferença: e se o outro não estivesse aí? Rio de Janeiro: DP&A, 2003.
STROBEL, Karin Lilian. As imagens do outro sobre a cultura surda. Florianópolis: Editora da UFSC, 2008.
VEIGA-NETO, Alfredo. Foucault e a educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
ARK
Licença

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.





































