Levando o direito penal a sério: a institucionalização do medo como combustível para uma ilegítima expansão e transformação da norma penal

Autores

DOI:

https://doi.org/10.55892/jrg.v8i19.2684

Palavras-chave:

Direito Penal, Expansão, Medo, Pós-moderno, Ultima Ratio

Resumo

O presente artigo analisa o medo como gerador da sensação de insegurança em tempos de sociedade pós-moderna, sobretudo essa institucionalização do medo como agente propulsor de reclamos populares e de uma legitimação da expansão do Direito Penal. Em um primeiro momento, demonstra-se que o medo sentido, em regra, não pode ser justificado, por dados concretos, como resultado diretamente proporcional ao efetivo aumento da criminalidade, uma vez que os números dos crimes praticados se matem estáveis e, em determinados casos, há até diminuição nos últimos anos. Em um segundo momento, serão abordados alguns fatores que estão por trás da geração ou da contribuição para o sentimento de insegurança, como a política e a mídia, como é o caso dos discursos contra o terrorismo e contra a imigração. Por fim, é destacada a necessidade de pensar o Direito Penal como ultima ratio, retomando o paradigma da funcionalidade do Direito Penal. Em conclusão, destaca-se o risco do processo de expansão atual do Direito Penal, fundado em um medo produzido por diversos fatores (que não o aumento efetivo da criminalidade), e que tem servido para enfrentar questões sociais que deveriam passar longe do Direito Penal.

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Biografia do Autor

Júlio César Maggio Stürmer, Unisinos, RS, Brasil

Doutor em Direito – Unisinos.

Cláudio Rogério Sousa Lira, Unisinos, RS, Brasil

Doutor em Direito – Unisinos.

Fernando Tonet, Unisinos, RS, Brasil

Doutor em Direito – Unisinos.

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Publicado

2025-11-17

Como Citar

STÜRMER, J. C. M.; LIRA, C. R. S.; TONET, F. Levando o direito penal a sério: a institucionalização do medo como combustível para uma ilegítima expansão e transformação da norma penal. Revista JRG de Estudos Acadêmicos , Brasil, São Paulo, v. 8, n. 19, p. e082684, 2025. DOI: 10.55892/jrg.v8i19.2684. Disponível em: http://revistajrg.com/index.php/jrg/article/view/2684. Acesso em: 17 nov. 2025.

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