A invisibilização de crianças e adolescentes com deficiência no perfil desejado pelos adotantes, em Pernambuco, desde os dados do Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento

Resumo

O presente estudo analisou a invisibilização de crianças e adolescentes com deficiência no perfil desejado por adotantes no estado de Pernambuco, a partir de dados empíricos extraídos do Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA). Utilizando a metodologia indutiva, a pesquisa revelou um descompasso preocupante: enquanto 1.086 crianças com deficiência encontravam-se disponíveis para adoção no Brasil em 2025, apenas 1.885 dos 33.662 pretendentes cadastrados declararam-se dispostos a adotá-las. No recorte de Pernambuco, observou-se que a taxa de adoção efetiva desse grupo é significativamente inferior, evidenciando um padrão estrutural de exclusão. Os principais fatores identificados foram o capacitismo, a idealização do “filho perfeito” e a ausência de suporte adequado. O estudo concluiu que a adoção inclusiva exige políticas públicas articuladas de apoio às famílias, campanhas permanentes de conscientização e preparo técnico dos adotantes e das equipes jurídicas. Verificou-se ainda que os dispositivos legais voltados à inclusão operam muitas vezes de forma simbólica, sem efetiva aplicação prática. A pesquisa contribui para o debate institucional sobre a equidade no sistema de adoção, oferecendo dados e reflexões que podem subsidiar políticas públicas mais sensíveis às diversidades e mais comprometidas com a garantia do direito à convivência familiar.